Câncer de pulmão ameaça também não fumantes, alerta especialista
06 de agosto de 2025
Segundo a pneumologista da Unimed Goiânia, Dra. Heloísa Costa, poluição, cigarros eletrônicos e exposição a substâncias como amianto e sílica têm ganhado destaque como causas emergentes da doença
O câncer de pulmão é o tipo de câncer que mais mata no Brasil e no mundo. Mesmo sendo altamente letal, ainda é pouco lembrado quando se fala em prevenção e diagnóstico precoce. Por isso, o mês de agosto é marcado pela campanha do Agosto Branco, uma iniciativa voltada à conscientização sobre as doenças pulmonares, com foco especial no câncer de pulmão.
Associado historicamente ao tabagismo, que continua sendo o principal fator de risco, responsável por até 90% dos casos, o câncer de pulmão passou a ser estudado sob uma perspectiva mais ampla nos últimos anos.
Além disso, o perfil dos pacientes também mudou. O número de casos entre não fumantes, mulheres e jovens tem aumentado, levantando um importante sinal de alerta sobre os impactos de novos hábitos e das condições ambientais na saúde pulmonar. “Estamos vendo cada vez mais casos em pessoas que nunca fumaram, especialmente mulheres e pacientes mais jovens. Isso nos leva a considerar outros elementos importantes, como poluição atmosférica, exposição ocupacional a substâncias como amianto, arsênio e sílica, além da predisposição genética”, destaca a pneumologista cooperada da Unimed Goiânia, Dra. Heloísa Costa.
Dispositivos eletrônicos também oferecem riscos graves
Segundo a pneumologista Dra. Heloísa Costa, entre as principais preocupações da atualidade estão os dispositivos eletrônicos para fumantes, como cigarro eletrônico, vape e pod. “Há uma falsa percepção de que são mais seguros, quando na verdade, liberam nicotina em altas doses e aerossóis com metais pesados, solventes e substâncias cancerígenas. Isso favorece alterações inflamatórias crônicas nos pulmões e pode aumentar o risco de doenças como enfisema, asma e até câncer”, explica.
O uso desses dispositivos tem levado, inclusive, ao aumento de lesões pulmonares associadas ao cigarro eletrônico, conhecidas como EVALI (E-cigarette or Vaping Product Use-Associated Lung Injury), em jovens que, muitas vezes, nunca fumaram cigarro convencional. “São quadros de tosse crônica, falta de ar, broncoespasmo e até pneumonia em faixas etárias nas quais antes não víamos esse tipo de comprometimento”, alerta.
Até 80% de cura com diagnóstico precoce
Outro ponto crítico é o diagnóstico muitas vezes tardio. Os sintomas iniciais tendem a ser sutis no início e podem ser confundidos com quadros respiratórios comuns. “Entre os sinais de alerta estão: tosse persistente, rouquidão, falta de ar progressiva, dor no peito, perda de peso sem explicação e expectoração com sangue. Valorizar os sintomas precoces é fundamental, principalmente em pacientes com histórico familiar ou exposição a fatores de risco.”
A médica reforça que, quando diagnosticado em fase inicial, o câncer de pulmão pode ter até 80% de chance de cura, com cirurgia e/ou tratamento combinado. Por isso, a tomografia de baixa dose tem sido recomendada para rastreamento em grupos de risco, como fumantes ou ex-fumantes com histórico significativo de consumo.
“A campanha Agosto Branco é essencial para trazer luz a esse tema e ampliar a conscientização, inclusive sobre os riscos além do cigarro tradicional. O câncer de pulmão não é mais uma doença exclusiva de fumantes. Precisamos de atenção redobrada com os novos perfis de pacientes e as novas ameaças à saúde pulmonar”, finaliza.