Os hospitais são a principal porta de entrada dos brasileiros para o sistema de saúde em função dos serviços de pronto-socorro, tanto no setor público como no privado. Exatamente pelos números de utilização desses estabelecimentos no País é que foi lançada a análise especial “Despesas com Internações de Operadora de Autogestão segundo o Porte Hospitalar”, do Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (IESS).
A publicação apresenta dados sobre gastos com a assistência de uma operadora de autogestão do estado de São Paulo por porte do hospital, no período de 2015. Mesmo se tratando de um universo específico, a análise auxilia na compreensão do cenário da saúde suplementar no Brasil e apresenta subsídios para elaboração de propostas em prol de sua sustentabilidade.
Atualmente, no País, os planos médicos hospitalares asseguram um total de 47,3 milhões de beneficiários, sendo que cerca de 4,8 milhões pertencem às operadoras com modalidade de autogestão. O objetivo do estudo é analisar as despesas com internação conforme o porte hospitalar. A análise também possibilita verificar se um mesmo código de internação (CID) apresenta diferentes despesas para a operadora em análise de acordo com o porte hospitalar.
O Brasil depende muito dos hospitais, pois eles respondem por 70% dos atendimentos de emergência, 27% do atendimento ambulatorial e por quase todas as internações. Além disso, os hospitais empregam 91% dos profissionais em relação ao total de empregos vinculados aos prestadores de serviços de saúde, e as internações hospitalares representaram 44,4% do total de despesas assistenciais dos planos de saúde de assistência médico-hospitalar.
O estudo analisa o dispêndio assistencial de apenas uma operadora de autogestão do estado de São Paulo por porte de hospital privado. Os dados utilizados das operadoras de autogestão não são representativos do agregado do mercado da saúde suplementar, já que este segmento apresenta características distintas das demais e possui outras limitações que são expostas no estudo. Entretanto, essa análise serve como um estudo de caso que pode ajudar a identificar e a compreender o cenário da saúde suplementar.
No período de 2015, esta autogestão tinha 383 hospitais privados no Brasil que prestaram serviços de saúde aos seus beneficiários. Esses hospitais estão distribuídos em 180 municípios brasileiros, sendo que 98,8% estão localizados em São Paulo. Com base nos dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), dos 383 hospitais dessa autogestão, o estudo conseguiu classificar o porte hospitalar de 278 hospitais (ou 72,6%).
Foram considerados estabelecimentos de pequeno porte aqueles que detêm até 50 leitos, de médio porte os que possuem de 51 a 150 leitos e de grande porte os com 151 a 500 leitos (Cunha; Bahia, 2014). O total de hospitais desta autogestão está dividido assim: 53,2% são de médio porte, 28,1% de pequeno porte e 18,7% de grande porte.
Foram apresentados dados das despesas das internações segundo o porte dos hospitais. Conforme a análise realizada pelo IESS, com os dados do Mapa Assistencial da Agência Nacional de Saúde Suplementar, a porcentagem das despesas de planos médico-hospitalares com internação, em 2015, representou 44,3% do total de despesas assistenciais.
Em 2016 este número teve representatividade de 44,4%, um crescimento de 0,1 ponto percentual em relação ao ano anterior. Mesmo com a queda do número de beneficiários de 3,1% entre 2015 e 2016, as despesas assistenciais não apresentaram queda.
A análise dos gastos médios com internações revelou variações para o mesmo CID em relação ao porte hospitalar. Segundo La Forgia (2009), que realizou um estudo sobre custos de internação, estas grandes diferenças podem ocorrer devido a práticas clínicas adotadas por cada hospital (atribuídas ao uso muito baixo de protocolos clínicos) e a diferença de perfil de cada paciente (condição de saúde do paciente) entre os hospitais. Outras causas podem estar atreladas à natureza do hospital (se é uma entidade sem fins lucrativos ou não), assim como à diferença de tempo médio de internação, associadas à severidade de casos individuais, à eficiência na utilização dos recursos ou à falta de padronização em metodologias de custeio e sistemas deficientes de informação de pacientes. No estudo, a autora conclui que as disparidades de custos de internação entre os hospitais têm como principal causa a falta de padronização em práticas clínicas, o que gera diferenças no uso de recursos.
Portanto, o relatório mostra que existe uma necessidade de mudar a estrutura do sistema para um atendimento que visa prevenir doenças ao invés de ter o foco no tratamento de enfermidades. Além disso, os hospitais necessitam obter um processo mais eficiente e eficaz, padronizando os processos e as práticas clínicas no atendimento ao paciente.
Adriano Auad
“Cada vez mais temos procurado estimular o uso consciente e crítico da melhor evidência médica atual, porque sabemos que essa prática realmente produz segurança e eficiência nos resultados da assistência médica. A adoção de protocolos e da Medicina Baseada em Evidências é frequentemente recomendada à nossa rede prestadora”, afirma o diretor-médico Adriano Auad.
Breno de Faria
Para o presidente da Unimed Goiânia, diversos relatórios e estudos de saúde atuais têm apontado para a necessidade de mudança do modelo de assistência à saúde. “Podemos dizer que a Unimed Goiânia anteviu essa necessidade e, hoje, encontra-se em um estágio bastante avançado da implementação dessa nova estrutura, que privilegia a saúde mais do que a doença e contribui melhor para a sustentabilidade do setor”, avalia Breno de Faria.