Estudo realizado no Programa de Tratamento da Coluna Vertebral do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE) comparou o custo estimado do tratamento de patologias da coluna aos verificados para esse tratamento dentro de um centro especializado e encontrou excessos. As doenças da coluna vertebral são comuns e, na maioria das vezes, o tratamento conservador (utilizando reabilitação mecânica) apresenta bons resultados. Entretanto, quando há falha do tratamento conservador, um número expressivo de pacientes pode necessitar de intervenções cirúrgicas. O programa atende pacientes particulares e de planos de saúde (Bradesco, Marítima e SulAmérica), que são encaminhados pelo próprio convênio para uma segunda opinião médica. Além do diagnóstico, o acordo entre o hospital e os planos prevê reabilitação para os casos não cirúrgicos. Os pacientes tratados de modo cirúrgico no HIAE (54) apresentaram um custo total estimado de R$ 1.975.868,49, com custo médio por paciente tratado de R$ 36.590,16. A mesma quantidade de pacientes, caso mantida a indicação cirúrgica inicial, representaria um custo total de R$ 2.419.760,54, com custo médio de R$ 44.810,38 por paciente tratado. Nesse grupo de pacientes, a redução do custo com o tratamento realizado foi de 22,5%, em comparação à proposta inicial de tratamento. Os pacientes tratados de modo conservador no HIAE (112) apresentaram um custo total estimado de R$ 363.457,60, com custo médio por paciente tratado de R$ 3.245,16. A mesma quantidade de pacientes, caso mantida a indicação cirúrgica inicial, apresentaria um custo total de R$ 3.627.275,99, com custo médio de R$ 38.588,04 por paciente tratado. Dessa forma, observou-se que o tratamento proposto no HIAE trouxe um gasto para a fonte pagadora 1.089% menor do que o custo do tratamento proposto inicialmente. O custo total estimado do tratamento realizado no HIAE foi de R$ 2.339.326,09, valor que se contrapõe inicial estimado dessa mesma quantidade de pacientes em R$ 6.047.036,52, o que representa redução em 158,5% do valor que seria gasto caso o tratamento fosse realizado do modo inicialmente proposto. Conclusão A conclusão do estudo é que o tratamento realizado dentro de um centro especializado em tratamento de patologias da coluna apresenta, globalmente, custos menores do que os observados regularmente, por causa de uma estrutura organizacional, com fluxos e processos bem definidos. Os médicos assistentes têm a segurança de que, se houver falha no tratamento conservador, o paciente será resgatado e um novo tratamento pode ser proposto rapidamente. Além disso, a dupla avaliação inicial (ortopedista, com perfil cirúrgico e fisiatra, com perfil conservador) permite a discussão precoce sobre o quadro do paciente e um encaminhamento focado em opiniões de profissionais distintos. Esse tipo de estrutura contrapõe-se ao sistema tradicionalmente utilizado no Brasil, no qual o médico atende o paciente de forma isolada no consultório, o encaminha para fisioterapia (que, muitas vezes, fica distante vários quilômetros) e, por uma série de razões estruturais, a reavaliação só ocorre após vários dias. As indicações e os custos das cirurgias de coluna estão com altas taxas de crescimento, sem necessariamente representar melhoria nos resultados. Casos de excessos e sequelas (perda da mobilidade, por exemplo) que ocorrem quando a cirurgia é mal indicada são largamente documentados em estudos. Os procedimentos custam até R$ 200 mil e mais da metade desse valor se refere a dispositivos (pinos, parafusos etc.). Nos EUA, o número e os custos dessas cirurgias dispararam na última década e elas estão agora na mira do governo federal. Há a suspeita de que os médicos estejam indicando mais porque ganham benefícios da indústria. Segundo o médico Claudio Lottenberg, presidente do Hospital Einstein, o programa é uma tentativa de evitar esses conflitos e padronizar procedimentos. Consad Os integrantes do Conselho de Administração da Unimed Goiânia compartilham da preocupação em encontrar um equilíbrio que não signifique interferência na autonomia médica. "Respeitamos a autonomia do médico e consideramos que a realização de estudos sérios, como do hospital Einstein, e a padronização de procedimentos, rotinas e protocolos é uma forma segura de garantir qualidade de atendimento com custos adequados", afirmam eles. Fonte: Hospital Israelita Alberto Einstein, Folha de São Paulo e Unimed Goiânia. |