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Doença de Chagas pode ser transmitida por alimentos contaminados






A confirmação de outros 15 casos da enfermidade no estado levaram a Vigilância Sanitária a suspender a venda de caldo de cana nos estabelecimentos comerciais. A doença teria sido transmitida pela bebida.

Quando se fala na transmissão do Trypanosoma cruzi, protozoário causador da doença de Chagas, logo vem à cabeça o barbeiro. Este inseto, ao picar o indivíduo, libera suas fezes infestadas pelo parasita, que, quando a pessoa se coça, penetra no organismo através de erosões na pele ou mucosas. Esta é a via mais comum, mas a ocorrência de alguns surtos fez com que os cientistas começassem a levar em consideração a transmissão oral do T. cruzi.

Recentemente, a transmissão oral do T. cruzi tem sido resposável por microepidemias no Pará. Famílias inteiras desenvolvem doença de Chagas, mas os domicílios não estão infestados pelo barbeiro. Este vive em palmeiras e, atraído pela luz, cai no equipamento usado no preparo do suco de açaí, que fica do lado de fora da casa. O inseto é triturado e contamina a bebida com o protozoário. Resultado: quem toma o suco corre sério risco de ficar doente.

Esse e outros casos relatados em Rio Grande do Sul, Paraíba e Pará chamaram a atenção dos cientistas. A questão que se colocava era: caso o T. cruzi fosse engolido, ele não seria destruído pelo suco gástrico? Então, a médica Sonia Gumes Andrade, especialista em patologia experimental, do CPqGM, propôs um experimento para responder à pergunta. "Introduzimos o T. cruzi, através de um tubo, diretamente no estômago de camundongos", conta ela, que havia estudado as cepas de T. cruzi isoladas dos casos da Paraíba e do Pará. "Observamos que o parasita não só sobrevivia ao suco gástrico como também era capaz de infectar os animais. Estes desenvolviam a doença com lesões idênticas às observadas nos camundongos em que o protozoário era inoculado por via sangüínea", revela.

O achado da pesquisadora comprova que o T. cruzi, caso engolido, pode causar infecção por via digestiva (ou intragástrica). A pesquisadora lembra que não há razão para que se evite comer verduras, caldo de cana ou suco de açaí. "O problema não são os alimentos, e sim a presença do T. cruzi", sublinha.

Fonte: Fundação Oswaldo Cruz
22/03/2005

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