Até março, a Secretaria de Saúde deve terminar um mapeamento das regiões do DF com maior risco de contágio de doenças epidemiológicas. Entre as áreas críticas em relação à leptospirose estão Estrutural, Fercal, Varjão, São Sebastião, Ceilândia e Vicente Pires. "São locais propensos a enchentes. Se for uma região com alto índice de roedores, é preciso cuidado dobrado nessa época para evitar o contágio pela água das chuvas", explica Sheyla Feliz Millan, chefe do NAS, o Núcleo de Animais Sinantrópicos (que convivem com o homem de forma nociva), da Secretaria da Saúde.
Apesar de o número de casos ter diminuído em 2005 - foram apenas 20 casos confirmados contra 35 em 2004 -, a secretaria garante que o quadro ainda é preocupante. "Enquanto houver casos da doença, vamos ter que combater", afirma Sheyla. De acordo com a chefe do NAS, durante todo o ano, agentes da vigilância ambiental já aplicam veneno para controlar a população de roedores em alguns pontos críticos do DF. "A idéia para este ano é deixar de trabalhar em cima de casos pontuais e fazer um monitoramento maior, nas áreas públicas", detalha.
Pescaria
Mas só o trabalho da Vigilância não basta. É preciso que a população evite criar espaços para o desenvolvimento dos ratos. "Os roedores buscam abrigo e alimento. Por isso é preciso remover entulhos, fechar bem o lixo", exemplifica Sheyla. Ela destaca ainda os cuidados que se deve ter em relação à chuva: "É preciso evitar banho nos córregos, não deixar as crianças brincarem na enxurrada".
A infectologista do Hospital Universitário de Brasília (HUB) Celeste Silveira, no entanto, alerta para outra forma de contágio muito comum em Brasília. "Recebemos muitos casos de pessoas que vão pescar nas margens do lago Paranoá, onde tem muito rato, e são contaminadas", lembra. Segundo Celeste, no início, os sintomas da doença são muito parecidos com um estado gripal. "Primeiro, a pessoa sente dores de cabeça e por todo o corpo. Mas a característica mais marcante é dor na panturrilha", explica.
A doença ainda causa o escurecimento da urina e os olhos do paciente ficam amarelados, manifestações semelhantes às de quem contrai hepatite. "Assim que perceber esses sintomas, é preciso procurar um médico, que deve ser alertado se a pessoa teve contato com água possivelmente contaminada", destaca Celeste. Se não for combatida a tempo, a leptospira, ao se alojar no fígado e nos rins do doente, pode até levar à morte. "Quanto mais precoce for o tratamento, mais fácil a cura", garante.
Evite contágio
A leptospira é transmitida pela água, lama ou esgotos contaminados. Ferimentos ou imersão prolongada em água permitem a penetração da bactéria no organismo, causando a leptospirose. As mucosas (boca, nariz, olhos) também podem ser porta de entrada. Os sintomas aparecem geralmente 7 a 14 dias após esse contato
Como prevenir
Evite o contato com água suja, lama, esgotos ou água empoçada em terrenos baldios, quintais ou margens de rios, lagos e córregos. Caso haja necessidade de fazê-lo, use botas e luvas.
Cerco ao transmissor
Para controlar a população de roedores, elimine as fontes de abrigo, água e alimento do rato. Evite o acúmulo de entulhos nos quintais e, no caso de materiais de construção, mantenha-os suspensos, longe do solo. Guarde devidamente o lixo (saco ou lata fechados), armazenando-o longe do solo. Se possível, coloque-o para coleta pouco antes do lixeiro passar. Feche buracos entre telhas, paredes, rodapés e em volta da caixa de esgoto. Retire todas as noites os vasilhames de alimento dos cães e lave-os diariamente.
Fonte: Jornal Correio Braziliense
10/01/2006