arquivo-noticias - Unimed Goiânia

Aborto Espontâneo é causado por rejeição imunológica, diz pesquisa






A principal causa de abortos espontâneos, comuns nos três primeiros meses de gravidez, é a rejeição do sistema de defesa do organismo da mãe devido às características do embrião que vieram do pai, segundo um estudo feito na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). A descoberta traz uma boa notícia para quem sofre com o problema porque o tratamento é simples: basta uma vacina, batizada pelos médicos de ¿vacina de marido¿, que ensina o organismo materno a reconhecer seu filho.
Os chamados ¿abortos recorrentes¿ afetam de 2% a 5% das mulheres em idade fértil e geralmente ocorrem antes da 20ª semana de gravidez. Segundo a pesquisa brasileira, na grande maioria das vezes (mais de 85%), o problema ocorre por uma falha do sistema imunológico em se adaptar à gravidez. ¿Metade do bebê é da mãe, mas a outra metade é do pai e o organismo pode ter problemas com isso¿, explicou ao G1 o coordenador do estudo, Ricardo Barini, do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism) da Unicamp.
Curiosamente, a rejeição não ocorre quando o pai é imunologicamente muito diferente da mãe, mas sim quando ele é muito parecido. ¿Quando você transplanta um órgão, ele precisa ser o mais semelhante possível ao organismo receptor para não haver rejeição. Na gravidez é exatamente o contrário¿, diz Barini. ¿Se o pai é parecido com a mãe, o corpo não reconhece aquilo como uma gravidez. Ele acha que é alguma parte do próprio organismo que está com defeito e rejeita o feto.¿
Segundo o médico, o problema não pode ser chamado de uma doença. ¿É simplesmente uma situação, infeliz, que ocorre entre um casal¿, afirma ele. Em muitos casos, de acordo com Barini, uma mulher que sofre diversos abortos espontâneos com um parceiro pode engravidar facilmente com outro, e vice-versa.
Em seu trabalho, a equipe de Barini estudou 250 mulheres que sofreram abortos recorrentes e se trataram no Caism entre 1993 e 2004. Todas elas tinham entre 30 e 34 anos e perderam bebês espontaneamente três ou mais vezes consecutivas. Além da rejeição ao embrião devido a características paternas foram registradas outras causas, menos freqüentes, como problemas hormonais e anatômicos.
A rejeição de um bebê porque o corpo da mãe não o reconhece parece dramática? Pode até ser, mas essa história pode ter um final feliz. Resolver o problema é simples e não exige divórcio. Basta a ¿vacina de marido¿, que deve ser aplicada antes de uma nova tentativa de concepção.
Nela, linfócitos (um tipo de célula de defesa) do homem são injetados no corpo da mulher para que o organismo materno reconheça o pai da criança da próxima vez que engravidar. Geralmente, são necessárias duas aplicações, separadas por quatro semanas. Depois, os médicos fazem um teste para ver se a imunização funcionou. A partir de então, a mulher já deve ter sucesso em uma nova gravidez.


Fonte: G1.com

${loading}