Uma pesquisa liderada por professores do Centro Médico da Universidade de Stanford, na Califórnia (EUA), mostrou que um coquetel com vários compostos, que provocam aumento dos níveis de naturais no cérebro, gerando efeitos semelhantes aos da maconha, pode ajudar no tratamento do mal de Parkinson. Eles usaram ratos de laboratório que sofrem da doença para testar o coquetel, feito de um remédio tradicional para o Parkinson e uma mistura que estimula a produção dos chamados endocanabinóides.
Os ratos ¿ que foram projetados geneticamente para apresentar os sintomas da doença degenerativa que causa tremores, movimentos espasmódicos e rigidez muscular ¿ puderam se movimentar normalmente 15 minutos depois de terem ingerido o coquetel.
Os pesquisadores afirmam, entretanto, que fumar maconha não tem o mesmo resultado. O estudo, liderado por Robert Malenka e Anatol Kreitzer, ambos do Centro Médico de Stanford, foi publicado na quarta-feira, na revista Nature. "Esse estudo mostra uma nova e potencial terapia para o mal de Parkinson", disse Malenka.
O mal de Parkinson está ligado à diminuição dos níveis de dopamina, substância produzida em uma parte do cérebro chamada de striatum. Como resultado da queda dos níveis de dopamina, doses menores do químico vão para a parte do cérebro que ajuda a coordenar os movimentos. Para compensar essa diminuição, pacientes com Parkinson recebem remédios que estimulam a produção ou imitam a dopamina, apesar desses tratamentos terem efeitos colaterais, e possibilidade de perderem o efeito com o passar dos anos.
Trabalhando com os ratos, a equipe liderada por Robert Malenka descobriu que o striatum tinha dois tipos de célula, cada uma formando um circuito que inicia ou reprime movimentos indesejáveis. Um dos tipos de célula tinha uma espécie de receptor de dopamina que a outra não tinha. A equipe então analisou trabalhos anteriores a respeito de um químico natural do cérebro, semelhante ao encontrado na maconha, o endocanabinóide.
Os cientistas fizeram uma combinação que imitou a dopamina, o quinpirole, com um novo composto teste, URB597, que desacelera a enzima que quebra os endocanabinóides no cérebro. "O remédio de dopamina sozinho fez pouco e o que tinha a enzima como alvo não fez nada. Mas quando os dois foram dados juntos, os animais apresentaram uma melhora significativa¿, disse Kreitzer.
A pesquisa deles visa estimular a atividade de endocanabinóides em uma parte específica do cérebro onde já ocorre naturalmente. Este processo é mais preciso do que simplesmente aumentar níveis de endocanabinóides em todo o cérebro com a droga, segundo os cientistas.
"Claro que ainda existe um longo caminho antes dos testes em humanos, mas, mesmo assim, identificamos uma nova forma potencial de manipular os circuitos cerebrais que estão funcionando mal devido à doença", complementou Malenka.
Fonte: CRMMG