Com a presença de 40 especialistas na área de saúde materno-neonatal, entre representantes do Ministério da saúde, instituições acadêmicas e entidades médicas, a Agência Nacional de Saúde realizou, em fevereiro, um encontro para discussão de propostas para a redução de taxas de cesarianas desnecessárias, tendo em vista que o percentual desse tipo de parto, realizado tanto na área da saúde suplementar como na rede pública, é um dos mais altos do mundo.
Na saúde suplementar, a proporção de partos cesáreos é de 79,7%. O limite recomendável pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é até 15%. Na rede pública brasileira, esse índice alcança 45% em grande parte dos estados.
Entre as propostas já aprovadas, está a realização de uma campanha educativa pelo Ministério da Saúde em parceria com a ANS para difundir a idéia de que ¿normal é ter parto normal¿. As outras ações previstas incluem pesquisas de campo, especialmente nos estados com maior número de beneficiários de planos de saúde; estudos sobre os motivos que levam ao predomínio das cesarianas sobre os partos normais; sensibilização dos médicos obstetras para essa questão; discussão das formas de remuneração dos dois tipos de parto.
Unimed Goiânia
Na Unimed Goiânia, a situação não é diferente. Em 2005, de um total de 2.495 partos realizados, apenas 259 (10,4%) foram normais, enquanto 2.236 (89,6%) foram cesáreos.
¿O alto número de cesarianas eleva nossos custos em 35%. Reduzir esse índice significa uma economia substancial em nossos custos assistenciais e o mais importante, significa garantir uma prática mais saudável e mais segura para as futuras mães¿, destaca Dr. Ary Monteiro do Espírito Santo, diretor Administrativo-Financeiro da Unimed Goiânia.
¿O Consad vê com bons olhos essa iniciativa da ANS e das entidades médicas brasileiras. O resgate do parto normal permite o fortalecimento da humanização da medicina, além de contribuir para a redução dos custos assistenciais¿, afirma Dr. Washington Rios, diretor do Conselho Técnico, acrescentando que esse debate deve incluir também o diferencial na remuneração dos dois tipos de partos.
¿Além disso, é preciso prever uma taxa de remuneração para acompanhamento de parto, previsto inicialmente como parto normal e que, por algum motivo, venha se transformar em uma cesárea. Outra mudança necessária é na cabeça das pessoas. Muita gente acredita que cesariana é parto de rico. Muitos médicos e casais escolhem esse tipo de parto por causa do comodismo de não querer sair correndo para o hospital no meio da noite¿, finalizou o diretor.